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Continuando o assunto sobre educação. Os principais defensores de Paulo Freire são os padres da CNBB e os jesuítas, ambos os grupos maravilhados com a sensacional possibilidade de conciliar marxismo e cristianismo. Os jesuítas mais idosos têm ressalvas quanto a essa possibilidade. Mas, sejamos realistas, eles já estão muito velhos e estão sendo rapidamente substituídos por gente mais nova (em todos os sentidos). O Padre Henrique Vaz, um de nossos maiores filósofos, e professor de Ética na Cia de Jesus aqui em BH, faleceu recentemente. Ele jamais aceitou a teologia da libertação, embora tenha raramente comentado o assunto, para não se comprometer com a coletividade intelectual em que se inseria (como sempre…). Além disso, é bom dizer que as “ressalvas” jesuítas resumem-se a silêncio e tolerância infinitos com os exaltados. Uma outra forma de “ressalva” jesuíta é publicar dezenas de livros de teologia da libertação (editoras Loyola e Vozes), para que as pessoas tenham mais informações sobre o assunto e não sejam muito ingênuas quanto a ele. Nem é preciso dizer que o efeito dessa ação bem intencionada (como de resto o são todas as ações dos padres) é transformar todos os novos seminaristas em fãs inveterados de Boff e Betto, sem ressalvas.

Enfim, tudo se resume a um misto de boa-fé com crença no valor do conhecimento por si mesmo (aliás, traço de gnosticismo), o que leva a um empenho em divulgar amplamente teorias marxistas, como método supostamente eficaz de desmistificá-las e transformá-las em algo bom. Como se isso fosse possível com uma teoria que traz o misticismo em seu próprio núcleo de sustentação.

Estou ansioso para ver quem será o próximo Papa. Tenho um palpite de que ele será uma das chaves do próximo milênio, para o bem ou para o mal.

~ by Evandro Ferreira on October 28, 2002.

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